Luiz Gonzaga chegou ao Rio em 1945, Graças aos ensinamentos de seu pai, conseguiu trabalhar como marceneiro e, assim que pôde, comprou seu primeiro violão novo. Nessa época somente harmonizava e solava “de ouvido”. Depois de pouco tempo na nova cidade, completava a renda com bailes dançantes que realizava com um novo conjunto, Luiz Gonzaga e seu Ritmo.
Certa vez, contava ele, a esposa do famoso sanfoneiro Luiz Gonzaga, acompanhada de fiscais de um órgão recolhedor de direitos autorais, quis interditar um desse bailes, alegando uso indevido do nome do seu marido. Luiz Gonzaga da Silva explicou que não se tratava de um conjunto exclusivamente de forró, demonstrou que estava em dia com suas obrigações sindicais, inclusive com autorização para o baile em questão, puxou seus documentos e disse: – “Eu não sou um mentiroso. Aliás, minha senhora, seu marido se chama Luiz Lua Gonzaga e eu, Luiz Gonzaga da Silva, logo, é perfeitamente lícito usar meu nome.”
Em 1955, Luiz Gonzaga da Silva conheceu o maestro Wilson Dantas, então professor do Conservatório Mário Mascarenhas de Moraes e oboísta da Orquestra Sinfônica Brasileira. Essa figura querida o influenciou musicalmente e o incentivou a fazer os cursos de Linguagem da Música, harmonia, contraponto e instrumentação, com o professor Paulo Silva ; além disso, possibilitou-lhe sua primeira experiência como professor de violão e o apresentou ao professor Mário Mascarenhas.
Este o convidou a dar aulas em Niterói, Gonzaga não pôde aceitar o convite porque dava aulas e estudava perto de sua casa, em Pilares. Com as economias conseguidas investiu em outro ramo: a confecção de roupas. Luiz Gonzaga da Silva trabalhou como alfaiate em um cômodo anexo à barbearia de um amigo, até conseguir sua alfaiataria independente, na Rua Álvaro Miranda, 33 – um sobrado em Pilares. Neste período teve a oportunidade de conhecer vários músicos, entre os quais Edgar de Oliveira, fundador da ABV (Associação Brasileira de Violão), irmão do violonista e professor Luiz Alan, (com quem Gonzaga estudou o método Arenas/Tarrega), os violonistas José Augusto de Freitas, Othom Saleiro, Euclides Lemos, Luiz Bonfá e Roberto Silva.
Também teve contato com o professor e violonista Dilermando Reis, que o influenciou com seu estilo seresteiro. Nesta época Gonzaga apresentava-se regularmente nos diversos saraus da cidade, sempre mesclando suas peças com músicas conhecidas do repertório mundial.
Em meados da década de 50, abatido por uma desilusão amorosa fechou a alfaiataria, e sua fonte de renda principal passou a ser o ensino e a fabricação de violões. Gonzaga criou a marca NICOLIVIA, homenagem a seu pai, Sr. José Pereira da Silva, que tinha o apelido de Nico e sua mãe, Dna. Olívia da Silva;colocou essa marca em seu violão e mais tarde em sua editora de música, localizada a rua são João, Nº11, Sala: 1017, Niterói-RJ, idealizada para editar suas peças.
Em 1955, mudou-se para o bairro de Santa Rosa, em Niterói, e foi convidado por Roberto Silva a lecionar em sua academia, no Edifício Brasília, na Rua 15 de Novembro; depois trabalhou em outros conservatórios da cidade, até abrir sua própria academia de violão, em uma sala no Palácio dos Jornalistas, na Avenida Amaral Peixoto, no centro de Niterói. Ainda nesta década participou de um concurso de composição realizado pela então Companhia de Cinema Araribóia, dirigida pelo cineasta Dr. Brandão, que tinha como objetivo a escolha da trilha sonora para uma de suas produções.
Entre os compositores participantes na competição estavam o violonista niteroiense Roberto Silva e o compositor Tenente João. O júri considerou que, dentre as peças avaliadas, a música Noites Invernosas, do Gonzaga, era a mais apropriada para representar o tema suntuoso, apesar de macabro, do filme. Porém, o projeto faliu e o filme não foi exibido.
Ficava nítido,então seu elo com o violão erudito.Gonzaga era um integrante fiel e legítimo grupo de violonistas que participam do resgate e da valorização do violão no mundo,veremos como surgiu essa corrente.